Silenciosa e de graves consequências se não for tratada, a hipertensão é uma doença vivida por mais da metade da população brasileira acima dos 60 anos. Os idosos não são, no entanto, as únicas vítimas da pressão arterial sistematicamente alta. Nesta sexta-feira (26), Dia Nacional de Combate à Hipertensão, o alerta pelo diagnóstico precoce e tratamento adequado também é direcionado aos que têm até 24 anos.
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Seja por fatores genéticos ou maus hábitos, pessoas cada vez mais jovens começam a sofrer com a doença. Segundo Hilton Chaves, professor do Departamento de Cardiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o diagnóstico costuma ser tardio devido à falta de costume das pessoas de aferir a pressão. “A pressão arterial tem que ser medida desde a infância, principalmente entre filhos de pais hipertensos”, recomenda.
Como esse costume é pouco adotado pelos mais jovens, na maioria das vezes a doença só é identificada por acaso ou quando já está bastante desenvolvida. “Eu fazia acupuntura por causa de uma tendinite. Aí um dia o médico resolveu aferir a minha pressão. Estava 18 por 11″, conta o fotógrafo Tiago Calazans, de 23 anos, que descobriu a doença aos 18.
Hipertensos no Brasil
População adulta | Pelo menos 25% |
População de idosos | Mais de 50% |
População de crianças e adolescentes | 5% |
No caso do fisioterapeuta Renato Santos, também 23, mesmo apresentando os sintomas ele demorou mais de um ano para ir ao especialista. “Sentia tontura e dor de cabeça, mas não imaginava que fosse hipertensão”, explica. Além dos desconfortos sentidos por Renato, a doença também pode se manifestar através problemas de visão e zumbidos no ouvido.
Uma vez verificada a pressão arterial igual ou acima de 14 por 9, é preciso ir a um cardiologista para saber se a hipertensão é primária ou secundária e tratá-la adequadamente. No segundo caso ela aparece como consequência de uma outra doença, que depois de tratada fará a pressão voltar ao normal. “Principalmente em pacientes jovens, quando a hipertensão não é tão comum, precisamos investigar o hipertireoidismo, tumores nas supra-renais, além de uso de cocaína e descongestionante nasal”, explica.
Pelo menos nos 20 anos que estudo a doença, posso dizer que o fator
genético chega a ser o principal responsável em até 60% dos casos (de
hipertensão)
Já a hipertensão primária é uma doença crônica causada principalmente pela contração dos vasos sanguíneos, fazendo com que o coração precise de um esforço maior para bombear o sangue. A medida dessa pressão é aferida em dois momentos, por isso é representada em dois números. O primeiro é referente à sístole, quando o músculo do coração está contraído, e a segunda à diástole, quando está relaxado.
“Pelo menos nos 20 anos que estudo a doença, posso dizer que o fator genético chega a ser o principal responsável em até 60% dos casos (de hipertensão)”, revela Chaves. A hereditariedade foi determinante tanto no caso de Renato, que tem a avó hipertensa, quanto no de Tiago, que tem o pai com a doença, mas ela pode ser estimulada caso a pessoa não tenha hábitos saudáveis.
Fumar, abusar de bebidas alcóolicas e se alimentar mal e com excesso de sal e ter uma vida sedentária pode fazer com que a pressão se eleve em pessoas cada vez mais jovens. “Hoje corro três vezes por semana e jogo bola toda quarta. Só bebo uma vez por semana”, garante Renato que, mesmo sabendo dos riscos, admite que no dia reservado para a “farra” algumas vezes acaba exagerando na bebida. “No outro dia verifico logo minha pressão”, se justifica.
Mesmo não praticando exercícios atualmente, Tiago se diz consciente quanto à sua alimentação. “Por causa do meu pai, sempre teve um controle de sal na comida de casa, me acostumei. Fora de casa é que é difícil de controlar”, explica.
Consequências da hipertensão
- Derrame cerebral |
- Infarto |
- Insuficiência cardíaca (aumento do coração) |
- Angina (dor no peito) |
- Insuficiência renal |
- Paralisação dos rins |
- Alterações na visão que podem levar à cegueira |
Depois de diagnosticada, a hipertensão precisa ser periodicamente controlada e nem sempre será necessário o uso de medicamentos. Renato ainda consegue estabilizar a doença controlando a alimentação e praticando exercícios, mas Tiago começou a medicação assim que descobriu a doença. “No começo quis parar, tinha só 18 anos e vou ter que tomar remédio todos os dias pro resto da minha vida”, diz.
“As alterações vasculares e no corpo só vão surgir depois depois de 20 anos do início da doença”, alerta o cardiologista. Caso não seja corretamente tratada, a hipertensão pode causar danos principalmente no coração, no cérebro e nos rins, provocando insuficiência cardíaca, renal e até acidente vascular cerebral (AVC). “O hipertenso que não sabe o que é a doença, a gravidade, não veste a camisa”, enfatiza.
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