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Cientistas modificam HIV para usá-lo em tratamento de doenças genéticas Ágeis, os vetores chegaram aos locais desejados do corpo humano, levando genes capazes de amenizar as enfermidades




Paloma Oliveto - Correio Braziliense


Há três décadas, cientistas lutam para enganar o vírus da imunodeficiência humana, evitando que, uma vez no organismo, ele deposite seu material genético nas células da pessoa infectada. Mas esse micro-organismo é tão esperto que, apesar de muitos progressos, ainda não foi possível encontrar uma vacina ou mesmo a cura da Aids. O vilão, porém, também pode ser o mocinho. A extraordinária capacidade que o HIV tem de se fixar na membrana celular e inserir novas proteínas no núcleo foi aproveitada por cientistas italianos para tratar doenças genéticas muito graves. Testes preliminares realizados com seis pacientes humanos mostraram que a terapia não só é segura como eficaz: os sintomas das enfermidades foram controlados ou desapareceram.

Os resultados de dois estudos que usaram o método da terapia gênica foram publicados na edição desta semana da revista Science. Com vírus da família do HIV geneticamente modificados, os pesquisadores conseguiram consertar mutações dentro das células, uma possibilidade levantada ainda em 1996 também por cientistas da Itália. Foram mais de 15 anos de testes frustrados em laboratório até que a ideia se mostrasse possível. “Esse tipo de tratamento sempre era um sucesso nos modelos animais (ratos) usados nas pesquisas, mas em humanos isso não acontecia, o que impossibilitava a aplicação clínica”, conta Alessandro Aiutti, coordenador de um dos estudos e chefe do Departamento de Pesquisas Clínicas Pediátricas para Terapia Gênica do Instituto Telethon San Raffaele, em Milão.
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