Jornalistas do 'Le Monde' afirmam ter sofrido ataque químico na Síria
Agência O Globo
Jornalistas do diário francês "Le Monde" contam na edição desta segunda-feira terem não só presenciado como sofrido ataques químicos por parte das tropas do presidente sírio Bashar al-Assad, enquanto acompanhavam rebeldes nas proximidades de Damasco. A revelação acontece no dia em que chanceleres da União Europeia estão reunidos para discutir a possibilidade de acabar com o embargo de armas a combatentes da oposição. Também, hoje, uma conhecida repórter da televisão estatal síria al-Ikhbariya morreu quando fazia uma reportagem sobre a disputa pelo controle da cidade de Qusair entre as tropas do regime e os rebeldes que, segundo fontes, já levou à morte de 79 combatentes do grupo libanês Hezbollah, que apoia Assad.
Na matéria titulada "Guerra química na Síria", o fotógrafo Laurent Van der Stockt relata como presenciou os efeitos dessas armas em 13 de abril. O fotógrafo conta ter visto os rebeldes terem sintomas de asfixia, tosse e vômito. Logo depois, ele mesmo teria problemas visuais e respiratórios durante quatro dias.
Médicos ouvidos sob condição de anonimato pelo fotógrafo e pelo jornalista Jean-Philippe Rémy afirmam que os rebeldes podem ter sido vítimas do gás sarín. Incolor e inodoro, o gás causa efeitos neurotóxicos semelhantes aos observados pelos repórteres, que passaram dois meses cobrindo o conflito e tentando contrastar a suspeita do uso de armas químicas.
Os jornalistas sugerem que as forças leais ao presidente utilizam o gás nas frentes de guerra de forma pontual para evitar a propagação em massa, que ofereceria prova irrefutável do uso dessas armas. Na última semana, o presidente negou em entrevista ao jornal argentino "Clarín" que suas tropas fazem uso de armas químicas.
A adoção desses equipamentos é considerada uma "linha vermelha" por países como EUA, França, e Reino Unido o que poderia justificar uma intervenção internacional, especialmente se fosse demonstrado que são usadas contra a população civil.
Países defendem fim do embargo
O Reino Unido disse nesta segunda-feira que a União Europeia precisa estar disposta a alterar um embargo de armas à Síria para que os países da UE possam fornecer armamento a alguns grupos rebeldes sírios, e disse que se isso não for possível, cada país europeu pode ter sua próprias política de sanções.
"É importante mostrar que estamos dispostos a alterar nosso embargo de armas, para que o regime de Assad receba um sinal claro de que tem que negociar a sério", disse o secretário de Relações Exteriores britânico, William Hague, em comentários transmitidos pela emissora de TV BBC.
O chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, confirmou que irá defender a mudança do atual pacote de sanções impostas à Síria, para permitir a entrega de equipamentos de defesa aos rebeldes para proteger os civis.
Equipe da TV estatal é atacada durante cobertura
A repórter Yara Abbas foi morta por um atirador de elite perto do aeroporto de Debaa, na província de Homs. Forças leais ao presidente sírio têm tentado capturar a base dos rebeldes que lutam para derrubar o governo. A TV Síria disse que Abbas, que tinha cerca de 20 anos, foi alvo de "terroristas", o termo normalmente usado pelos defensores de Assad para descrever os rebeldes.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um grupo de monitoramento da violência pró-oposição, afirmou que vários membros da equipe de televisão da repórter também ficaram feridos no ataque.
Abbas era muito conhecida dos telespectadores sírios. Ela frequentemente fazia reportagens ao lado das forças de Assad no front da batalha que já dura mais de dois anos da Síria.
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