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Livro Gilberto Freyre e as aventuras do paladar será lançado nesta terça-feira Pesquisa de Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti mergulha no pensamento freyriano e sua relação com a comida



Tatiana Meira




Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti sempre foi meticulosa em tudo que faz. Para a pesquisa do livro Gilberto Freyre e as aventuras do paladar seguiu a mesma trilha. A publicação, com 427 páginas, será lançada nesta quinta-feira, às 17h, n’O Pátio Café, nas Graças. Estudiosa da obra freyriana, Maria Lecticia dedicou mais de cinco anos para a pesquisa sobre a relação do sociólogo pernambucano com os alimentos e de que maneira esta ligação foi fundamental para que se compreendesse melhor a formação da identidade nacional brasileira. O resultado foi elencado por temas e dividido em 20 capítulos, que trazem 1.326 citações aos escritos de Gilberto Freyre.

Os trechos são comentados pela autora, que para aprofundar este mergulho leu todos os livros, artigos de jornal e revista, conferências e prefácios disponíveis sobre Freyre. A dificuldade foi depois organizar as citações, que primeiro seriam em ordem alfabética, mas terminaram obedecendo outra lógica, com capítulos sobre o colonizador português, o índio, o escravo africano e outros povos, além Cozinha Pernambucana e O doce e amargo açúcar, entre outros.

“Neste livro está uma síntese de sua visão em torno das aventuras do paladar - uma expressão nele recorrente. Tudo, reitere-se, na esperança de que o pensamento de um gênio, como Gilberto Freyre, seja melhor compreendido. E admirado”, aponta Maria Lecticia, que liderou o projeto a convite da Fundação Gilberto Freyre.
Entre outras descobertas da escritora, uma frase do sociólogo para explicar a importância que creditava à conexão da comida e a formação de um povo. “Não se compreende um inglês sem beefsteak, um alemão sem salame e muita cerveja, e um doutor de Coimbra não se faz, sem muito bacalhau e grão-de-bico”, escreveu Freyre.

Serviço
Lançamento do livro Gilberto Freyre e as aventuras do paladar, de Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti
Onde: O Pátio Café, na Avenida Rui Barbosa, 141 (Praça do Entrocamento), Graças
Quando: Nesta quinta-feira, às 17h
Informações: (81) 3441-2883

Entrevista // Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti

Como surgiu a ideia ou vontade de escrever Gilberto Freyre e as aventuras do paladar?
Gilberto Freyre é referência sempre. Sobretudo para quem escreve sobre gastronomia. Ele foi o primeiro a compreender a importância do alimento na formação da nossa identidade.. Procurei em outros livros além de Açúcar e Casa-grande&senzala e percebi que os alimentos estavam presentes em todos. Por sugestão de Sonia Freyre, filha de Gilberto, decidi juntar tudo em um livro.

Qual o traço mais genial de Freyre?
Ele cedo compreendeu a importância de valorizar os pratos regionais. E confessava até que, quando sentia “vir de dentro de muita casa o cheiro de mungunzá” ou quando provava “o cozido ou o peixe de coco com pirão” ficava “mais cheio de confiança no  futuro do Brasil do que depois de ter ouvido o Hino Nacional”. Compreendeu também que o alimento influencia o jeito de ser de cada povo.

Planeja escrever outras publicações sobre o tema ou no campo da gastronomia?
Este é o meu trabalho e a minha paixão - escrever sobre os alimentos. Escrevi -  O negro açúcar,  História dos sabores pernambucanos, e agora Gilberto Freyre e as aventuras do paladar.  Até o fim do ano sairá Esses pratos maravilhosos e seus nomes esquisitos. E no próximo ano um livro sobre açúcar.

Trechos do livro:

"Quando há anos comecei a me preocupar com as tradições de mesa e de sobremesa do Brasil, a colecionar receitas velhas de doces e de quitutes, guardadas em cadernos de família antigas, a recolher outras receitas da boca de cozinheiras negras, de babalorixás, de curandeiros - a juntar modelos de formas de bolo e de recortes de papel para enfeite de doces - alguém comentou: Isso é blague, isso só pode ser blague".

Gilberto Freyre, em Dieta, sexo e sociologia, artigo de jornal, sem data identificada.

"Gilberto Freyre se considerava um viajante. Alguém que, "além de procurar ver - às vezes só para ter visto, como diria Unamuno - as cores e formas das paisagens e populações, (desejasse) saborear os quitutes regionais. Saboreá-los não só para dizer ou escrever que provou deles, como para enriquecer, sendo regalão, suas aventuras ou conquistas do paladar. Porque há um dom-juanismo do paladar semelhante ao do sexo no seu afã de conquista ou aventura."

No capítulo Sabores de longe
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