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O que era um problema pode ser uma oportunidade

Os pais descobrem que o filho é alérgico a diversos tipos de alimento. Até então, uma dificuldade, não fosse o olhar empreendedor para fazer disso um negócio próprio

Sávio Gabriel - Especial para o Diario



Para atender ao problema do filho, Marina resolveu abrir um negócio para comercializar alimentos específicos para alergia. O Mercadinho Alegria funciona com serviço online. Foto: Bernardo Dantas/ DP/D.A Press
Para atender ao problema do filho, Marina resolveu abrir um negócio para comercializar alimentos específicos para alergia. O Mercadinho Alegria funciona com serviço online. Foto: Bernardo Dantas/ DP/D.A Press

O que era um grande problema acabou se transformando numa excelente oportunidade de negócio. Diante da dificuldade em achar alimentos para o consumo do filho, a empresária Marina Fernandes decidiu abrir o Mercadinho Alegria, que por enquanto funciona apenas na internet. Assim como ela, outras pessoas enxergaram uma chance de abrir o próprio negócio a partir de problemas do cotidiano. Exemplos de empreendedorismo, que podem ser adotados por todos.

Aos dois meses, o pequeno Eduardo Fernandes (hoje com um ano e cinco meses) foi diagnosticado com alergia alimentar a múltiplas proteínas. “Ele não podia ingerir nada que tivesse leite de vaca, soja, ovos ou peixe”, lembra Marina. Como ainda estava amamentando, ela precisou readequar sua dieta às restrições do filho. “Era muito difícil encontrar alimentos adequados para o consumo dele. Sofremos muito no início”, afirma. Ela realizou pesquisas na internet, e encontrou mães que tinham a mesma dificuldade. “Comecei a participar de grupos sobre o assunto e percebi que muitas pessoas enfrentavam o mesmo dilema”, diz.

Eduardo tem alergia a múltiplas proteínas. Foto: Bernardo Dantas/ DP/D.A Press
Eduardo tem alergia a múltiplas proteínas. Foto: Bernardo Dantas/ DP/D.A Press
No início do ano, ela teve a ideia de abrir um negócio que comercializasse esse tipo de alimento. Depois de entrar em contato com fornecedores nacionais, Marina abriu o serviço online Mercadinho Alegria (www.mercadinhoalegria.com.br). “Estamos funcionando desde o mês de junho, e os pedidos estão além do que esperávamos”, comemora. O prazo de entrega fica em torno de 2 horas para pedidos realizados no Recife e Região Metropolitana. “Recebemos muitos pedidos de São Paulo e Fortaleza também. Já temos cerca de 40 clientes fixos”, diz. O investimento inicial da empreendedora foi de aproximadamente R$ 6 mil. “Estamos analisando a repercussão na internet e, até o fim do ano, queremos abrir uma loja física na Zona Norte do Recife”, revela Marina.

É o mesmo caso do empresário Edson Ayub, proprietário da Além do Natural (loja.alemdonatural.com.br). Ele enfrentou dificuldades em adquirir alimentos que atendessem à necessidade de seu filho, que tem intolerância a glúten. “Pesquisei no mercado e entrei em contato com fornecedores”, conta. Há cinco anos, a loja tem um ponto fixo no bairro do Morumbi, em São Paulo, e também comercializa produtos pela internet. “Cerca de 30% dos nossos clientes são virtuais”, afirma. A loja possui um mix de quase 600 itens e realiza entregas em todo o Brasil.

Funcionando há três anos apenas pela internet, a Mercearia Natural (www.mercearianatural.com.br) também surgiu a partir da dificuldade enfrentada por muitas pessoas em adquirir alimentos específicos. De acordo com o sócio proprietário, José Luiz Lanaro, não existe planos de abrir um estabelecimento fixo. “Queremos manter os preços baixos para que todos tenham acesso a esses produtos”, diz. Ele investiu cerca de R$ 70 mil para abrir o site, que conta com aproximadamente 6 mil clientes em todo o país.


"Uma das premissas para abrir um negócio é identificar problemáticas existentes no mercado", diz Conceição. Foto: divulgação
“Eles foram inteligentes na estratégia utilizada”, diz a analista de orientação empresarial do Sebrae-PE, Conceição Moraes. Segundo ela, uma das premissas para abrir seu próprio negócio é identificar problemáticas existentes no mercado. “Eles identificaram e deram uma solução eficiente para a situação. Aproveitaram uma deficiência do mercado para empreender”, explica.

O uso da internet para visibilizar o negócio também foi uma ótima escolha, na avaliação da analista. “Quem ainda está no começo e possui recursos limitados pode utilizar todas as ferramentas oferecidas pelas redes sociais e pela internet como um todo”, conta. Nesse sentido, vale a pena fazer a propaganda na grande rede (o famoso “boca a boca”). “Como várias dessas ferramentas são gratuitas, não há nenhum custo para quem está investindo”, conclui Conceição.
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